Patente até 22 set '24
Exposição de cartazes comemorativos do 25 de Abril
Quarta-feira, 24 de Abril de 1974, 22h55.
Dos Emissores Associados de Lisboa ecoa nas ondas da rádio a voz de Paulo de Carvalho, interpretando "E depois do Adeus", música de José Calvário com letra de José Niza que no início do mês representara Portugal no Festival Eurovisão da Canção.
Estava assim transmitida a primeira senha às unidades militares aderentes ao Movimento das Forças Armadas (MFA) para que encetassem os preparativos e participação nas operações que, um pouco mais tarde, o MFA viria a desencadear em vários pontos do país.
Finalmente, às 00h20 já do dia seguinte, 25 de Abril de 1974, a Rádio Renascença transmite a voz de Zeca Afonso na canção "Grândola, Vila Morena", o segundo e decisivo sinal que as várias unidades controladas por membros do MFA tanto aguardavam, dando início às movimentações militares que culminariam, pelas 19h30 no quartel do Carmo, na rendição de Marcelo Caetano e à queda do regime ditatorial que durante 48 anos vigorou em Portugal.
Com a população e a poesia nas ruas de Lisboa, saudava-se a Liberdade e apoiavam-se os militares com palavras de ordem de Sophia de Mello Breyner Andresen e Zeca Afonso. Cravos vermelhos eram distribuídos e exibidos como símbolo da Revolução sem sangue.
A arte também saiu à rua, e as paredes das cidades foram invadidas por cartazes, símbolos e palavras de ordem que redesenharam o Portugal contemporâneo: Abril, cravos, liberdade, democracia, igualdade, solidariedade, paz, esperança e futuro. Multiplicam-se as manifestações culturais um pouco por todo o país, e o próprio MFA promove no seu programa medidas imediatas de caráter cultural “que garantam o futuro efetivo da liberdade política dos cidadãos”, encetando a partir de outubro várias campanhas de dinamização cultural e ação cívica de comunicação dos valores democráticos, às quais inúmeros artistas se juntaram.
No ano em que se comemora o 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974 expõe-se aqui os quarenta e um cartazes que a Associação 25 de Abril produziu para as comemorações anuais, pertencentes ao espólio da Biblioteca Municipal de Penafiel. Do traço do arquiteto e cartoonista João Abel Manta, ao do pintor Júlio Pomar, ou da gravura de Maria Irene Ribeiro ao design e ilustração de Henrique Cayatte, vários foram os artistas plásticos que colaboraram nos sucessivos cartazes comemorativos da Revolução dos Cravos. São pinceladas gráficas individuais e distintas, que se destacam pela irreverência do olhar e que traduzem uma ampla diversidade de estilos.
Para além destes, não poderiam deixar de estar representados alguns dos mais icónicos marcos gráficos associados ao MFA e à Revolução de Abril: a icónica fotografia de Sérgio Guimarães, tirada no próprio dia 25 de abril no aeroporto da Portela, os cartazes de Artur Rosa, Marcelino Vespeira e João Abel Manta, relativos à promoção das campanhas de dinamização cultural do MFA desenvolvidas a partir de 1975, e ainda duas das obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva, criadas em 1975 a convite de Sophia de Mello Breyner, em que ao traço da pintora se eterniza a frase da escritora, então Deputada pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte, constituída na sequência das eleições realizadas um ano após a Revolução.
Entrada gratuita
Sem marcação prévia
Patente até 22 de setembro